sábado, 30 de agosto de 2014

Minha Lassie

 

Vir aqui carpir mágoas está a tornar-se um lugar comum. Se calhar ninguém lê mas a ideia é fazer deste espaço o meu sofá de psicanálise. O meu banquinho de desabafos. A soleira da minha alma.








Com o tempo os momentos de reflexão sucedem-se. Se nos perguntam, se calhar respondemos com uma inusitada desculpa, sempre aquela que sendo muito respeitável é também a que está sempre à mão: Estou cansada.



 


Parecendo uma resposta satisfatória,  no fundo ela é a mais complexa de todas as possíveis. De fácil aplicação em todos os contextos de indesejada cavaqueira. Cansada, de quê? da vida? Das pessoas? Das situações? Da casa? Da escola? Da política? Dos sistemas Político / Económico / Financeiro / Educacional / Sanitário / Religioso / Afectivo/ Relacional ou de mim mesma? 
 De tudo?
 
                                              

 










A minha amiga Lassie está na recta final. O sofrimento é visível.
Não posso fazer mais senão chegar-lhe comida e água e dizer-lhe obrigado pela lealdade, pela fidelidade e pelo afecto. 



Não quero chorar porque me faz doer muito a cabeça, fisicamente. Mas a cabeça até me estoira. E eu, incapaz de valer aos que precisam, peço desculpa  e digo à minha cadela que a amo. Sempre amei e amarei. Fez tudo pela sua família humana.Já lhe chega.
Pode ir descansar.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Há dias em que faz falta retornar ao canto onde nos expomos sem sabermos muito bem até que ponto o fazemos.

Há dias em que faz falta retornar ao canto onde nos expomos sem sabermos muito bem até que ponto o fazemos.
Viver. Sobreviver. Morrer. O caminho faz-se seja como for desde que nele nos colocam. Ás vezes faz-se com um imenso vazio, sem deserto que o justifique, sem quiosque onde comprar cigarros para a alma. Ás vezes viaja-se em 1ª classe outra vezes apenas agarrados pelo lado de fora das portas do meio de transporte que nos obriga a continuar. Hoje vou nessa viagem e nem sol há para me aquecer os desvarios do corpo. 

 
 
 
A ideia do post era homenagear o meu actor. Mas estou outra vez com aquela sensação tão bem criada pelo Vitorino Nemésio: sinto a boca cheia de pedras.