segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Para 2013... o que nos resta?

Vamos estrear um ano... novinho em folha! Sei que já há quem o queira vilipendiar com injustiças, vinganças, supremacias... há quem lhe queira furtar a honra de uma estreia em grande...

Para 2013... o que nos resta? 
Esperança, valha-me Deus, muita esperança. Afinal, somos feitos de ideias, (absurdas por vezes) e a esperança é uma ideia que torna possivel a sobrevivência.

Então só nos resta aproveitar o Ano que aí vem e ainda que com algumas avarias, creiamos que tem garantia e por isso tudo se há-de resolver.
Abraços, muitos.

domingo, 23 de dezembro de 2012

Boas Festas para toda a Humanidade

Para que conste, eu ainda gosto um pedacinho do Natal. Deve ser o meu lado infantil a sobrepor-se à razão de andar por casa que às vezes me move.
Ontem percorri a cidade a fotografar os Presépios de rua. Ainda vão tendo a vaca e o burro, contrariando as directrizes de Roma. Este, como podemos verificar, tem os holofotes a incidir sobre os animais visados na exoneração feita pelo Papa, ao imaginário bimilenar dos crentes.
Seja como for, aqui ficam os meus desejos de Boas Festas a toda a Humanidade

sábado, 15 de dezembro de 2012

Tudo está longe



O problema é que tudo que é importante está longe. 

Está longe a dignidade dos outros; está longe a liberdade dos outros; os próprios "outros" estão longe. Estão longe dos afectos contidos dos incontidos sentires de vazio e de inércia.

Não há (e se calhar nunca houve) a capacidade de poder viver em comunhão com o próximo. Vive-se num profundo autismo em termos de respeito pelos demais.

Provavelmente sempre assim foi e eu, pobre Maria, tenho vivido nesta ignorância de não saber quem são afinal todos os outros ou na pior das hipóteses quem sou eu...

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Uma pedrada no mar

Parece? ...mas não é!
Haverá alguma guerra que não seja absurda? Até as que travamos connosco próprios o são. Para quê erguer barricadas se a nossa posição relativa é arbitrária? Na verdade, a opinião pública é passível de ser baralhada porque a argumentação pode em si mesma ser sempre paradoxal. Tudo depende do prisma do observador e da sua condição pessoal e social. Por mim vejo que não consigo deixar de ver sempre os dois lados. Ambos perdem razão sempre que respondem...ambos têm razão sempre que se justificam.
Haverá sempre diferendos culturais porque o Homem é resistente à "cultura do outro".
Haverá sempre uma razão invisível para desencadear este desassossego permanente que é a vida. 
Não me apetece falar. 
Também não me apetece sentir, nem decidir, nem participar em nada que não seja a busca da minha própria paz. E por isso  finjo uma pedrada no mar. 
Parece? ... mas não é!

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

É bom

É bom habitar na nossa intimidade... é um sentimento que rasga a ausência física que nos atormenta.


domingo, 11 de novembro de 2012

A Guerra


O palhaço Jullietto adormeceu na roulotte do circo em que trabalhara desde sempre. Eram tempos de guerra, daqueles tempos difíceis, que moravam apenas no imaginário dos mais afortunados, como se a guerra fosse uma mera palavra, inventada para torturar a esperança de uma vida melhor. Mas aquele palhaço, era uma personagem real, do circo ambulante, que nos últimos tempos andava em círculos, para evitar os cenários de Guerra.
Naquele fim de tarde, (quando o crepúsculo convida ao retorno de nós mesmos, à laia de balanço pessoal), o palhaço Jullietto espreitou pela janela circular da roulotte do circo que circulava em círculos… não viu o resto da comitiva… sentiu-se mais só do que naquele dia em que disse com toda a graça, uma das suas engraçadas graças mas que ninguém achou graça.Talvez a guerra estivesse ali ao lado, pegadinha à sua pele, pintada de rançosas tintas.
Fechou os olhos e tocou um pequeno balão que estava perdido num bolso coçado do seu casaco riscado. Distraidamente soprou para dentro dele, gotículas de saliva corada como os seus lábios pintados de tintas rançosas.
Soprou um pouco mais e deixou que o balão aumentasse ainda….
Então, o milagre aconteceu: uma brisa silenciosa elevou o balão… e na pontinha do balão o palhaço Jullietto , incrédulo, a sobrevoar o mar.
Havia Guerra em todo lado, menos no coração do palhaço… Foi por isso que ele se tornou leve e partiu para lá do céu azul, que tanto o fascinava…

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Do meu diário incompleto e inacabado


31 de Julho de 2012
Apetece perguntar (parafraseando o Cardoso Pires):
- E agora Maria?
Quantos quilómetros de vida te restam?
Um dia o Chico telefonou-te prometendo voltar a fazê-lo no dia seguinte. Não te disse ele que tinha apenas cerca de 180 km de vida… por isso não te chegou a telefonar. Tu ainda nem apagaste o número dele do teu telefone. Ele morreu, mulher! Encara isso com mais normalidade. Pensavas que a morte só acontece a desconhecidos? Não! Amanhã é dia um de Agosto. Faz dois anos que morreu a tia Ilda. Estava a cento e tal quilómetros da tua vida. Choravas quando a ias visitar. Agora choras porque não a podes visitar… em que ficamos?
Gostavas de ter uma ideia dos quilómetros que tens ainda para percorrer. Assim deixavas tudo organizado para não sentirem muito a tua falta. Arrumavas os teus livros divididos por temas. "Estimem os livros" (escreverias  em papeis, colocando-os dentro de cada volume).
Não sei o que te preocupa mais: se a distância da morte se o caminho que a vida te vai obrigar a fazer para ir ao seu encontro.

Quando te olhas ao espelho perguntas sempre:
- E agora Maria?
 Tinha razão o Cardoso.

domingo, 4 de novembro de 2012

O meu silêncio



O silêncio... o meu silêncio está cheio de ruídos ensurdecedores, de imagens carregadas de estrondos, de cheiros imbuídos de desassossego. Em cada dia procuro um silêncio novo mas falha-me a força para o agarrar...


terça-feira, 23 de outubro de 2012

Experiência Motard




Pois... tinha eu dito que nunca seria motard, talvez pela covardia inerente ao que penso ser o domínio do Homem (neste caso mulher / eu)  sobre a máquina. 





Entusiasmei-me. 

Sendo pouco mais que uma bicicleta, aventurei-me por esse mundo fora que é a minha rua...






Entendi a sensação de liberdade que é poder levar com um cisco ou um bicho nos olhos...





 




Amigos...foi brutal.

Os olhos são as janelas da alma...

Os olhos são as janelas da alma...

Nunca sei se me perdi nas palavras, se fui eu que fiz esta afirmação ou se fui copiada por antecedência. A verdade é que os olhos que fito são a parcela mais importante da minha aproximação aos demais. Descobri ou redescobri a sua importância a semana passada. Teimosamente, um cisco tornou-me vulnerável. O que mais me afligiu foi o temor de um dia me serem fechadas as MINHAS janelas da MINHA alma...será que afinal existe algo que seja de facto só MEU?



sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Saudade ...mais uma saudade

Ás vezes permaneço absorta, em busca de explicações para explicar o inexplicável.
O ser humano julga-se o ser supremo, o criador da evolução e o senhor da modernidade. Sente-se portanto superior.

Gostava de entender como é possível não respeitar a dignidade dos outros seres vivos, como é possível magoar ou matar aqueles que nos acompanham e nos dão GRATUITAMENTE o seu afecto: os animais que levamos para casa, que acolhemos ou os de que nos servimos para melhorar a nossa vida... e pensando nisso vem a lágrima teimosa e inconveniente, salpicar-me o rosto de todos os dias.

Antes de ontem morreu mais um dos bichinhos que me acompanham quotidianamente. Tenho a certeza de que gostava de mim. Gostava de ficar na minha mão a receber mimos e respondia sempre ao meu chamado. Menos antes de ontem...
Era um rato fêmea. O meu rato. O rato que a minha família acarinhou. Tenho pena, muita pena dela. Tenho saudade e  a saudade é o mais doloroso de todos os sentimentos...



terça-feira, 28 de agosto de 2012

José Cid e eu



Hoje fui ver pela primeira vez, o José Cid ao vivo (e a cores). Lembro-me de não o apreciar no auge da sua carreira, ou seja, na minha juventude. Naquela época eu gostava era do Zeca Afonso, do Sérgio Godinho e do Fausto. Gostava de canções de intervenção. Tudo que fosse popular, que entrasse facilmente no ouvido do povo, não entrava no meu coração.

Ouvia Joan Baez, Queen, Pink Floyd, Lene Lovich, Kate Bush, Melani Safka, Pink Floyd, Dire Straits, Scorpions, Nina Hagen, Bob Dylan, Peter  Gabriel, Marillion.
Tentava descobrir novas vozes nos discos de vinil dos meus amigos. A musica era uma espécie de álibi para sufragar as coisas más dos dias menos bons.

Hoje fui ver o concerto das festas da cidade, cujo cabeça de cartaz é José Cid, nome artístico de José Albano Salter Cid Ferreira Tavares, nascido na Chamusca em 1942.
A ideia era ficar uma ou duas canções... mas fui ficando e...gostando. Surpreendentemente eu sabia todas as letras e com facilidade acompanhei o cantor, trauteando baixinho cada melodia. Fez um espectáculo leve, apresentou outros talentos que o acompanham, fez um dueto com José Perdigão...

O tempo passa por nós ou nós por ele...há quem creia que o tempo é sempre o mesmo.  Sofremos metamorfoses com o avançar da idade.

Gostei do concerto. Dei conta de que o José merece todo o meu respeito pela tenacidade, por continuar a compor, enfim, por me ter feito recordar coisas. Esta é a forma de lhe agradecer.